“Durante uma conversa com uma amiga sobre violência contra a
mulher, comecei a me sentir muito mal, pensei que ia desmaiar. Ela estava
contando sobre os tipos de violência doméstica que muitas mulheres sofrem, mas
não conseguem identificar. Descobri que eu era uma vítima de violência
patrimonial e psicológica. Busquei ajuda e, após 17 anos de casamento, criei
coragem e pedi o divórcio. Hoje, vivo feliz e me sinto liberta de um ciclo que
foi muito difícil de romper”, relata Renata, de 46 anos, uma das usuárias do
Centro Especial de Orientação à Mulher (CEOM) Zuzu Angel, que há 22 anos é uma
política pública referência no combate à violência contra a mulher. A
instituição exerce importante papel na efetivação da Lei Maria da Penha, que ontem
(sexta-feira) comemorou 14 anos de existência. Prestes a completar 23 anos
de funcionamento no próximo dia 26, a instituição vinculada à Secretaria
Municipal de Políticas Públicas para Idoso, Mulher e Pessoa com Deficiência,
através da Subsecretaria de Políticas Públicas para Mulheres, já realizou mais
de 75 mil atendimentos a mulheres em situação de violência. Buscando garantir a
proteção dessa parcela da população durante a pandemia, período que os números
de casos tendem a aumentar por causa do isolamento social, o CEOM, localizado
em Neves, está funcionando com horário normal, de segunda a sexta, das 9h às
17h, respeitando as medidas estabelecidas de enfrentamento à emergência de
saúde pública em decorrência do novo Coronavírus. Formado por uma equipe
multidisciplinar, o Centro Zuzu Angel possui psicólogas, assistentes sociais,
advogado e guarda municipal, que formam uma rede de apoio e acolhimento às
mulheres que chegam ao local. Em constante articulação com as redes de proteção
como o Movimento de Mulheres, Defensoria Pública, Ministério Público e
delegacias especializadas. Para a psicóloga do CEOM, Adriana Barros,
auxiliar as mulheres no rompimento da violência não é um processo fácil. "Não
é fácil viver, nem é fácil superar a violência. Muitas mulheres chegam aqui sem
mesmo reconhecer que passam por uma situação de violação de direitos, e nós
ajudamos nesse processo. E pensamos, juntas, formas de fazer a vida ser boa
novamente. É muito delicado afirmar a violência", disse. Entre os
meses de março a julho deste ano, o CEOM realizou 206 atendimentos. Neste mesmo
período, em 2019, foram registrados 214 atendimentos. Os casos de violência
psicológica e física foram os de maior demanda. A pequena queda nos números
pode estar relacionada ao isolamento social, período que pode representar
perigo para muitas mulheres vítimas de violência doméstica. Renata foi uma
dessas mulheres que buscaram ajuda durante a pandemia. Em abril, a
fisioterapeuta decidiu sair da casa que morava com seu marido e ir viver em um
novo lar com os dois filhos. “O atendimento psicológico que venho fazendo
através do CEOM tem sido essencial nessa nova fase da minha vida. Eu desabafava
com muitas amigas que me escutavam, mas não sabiam como me ajudar. Os técnicos
que atuam no centro me acolheram, me orientaram e vêm me acompanhando
semanalmente, além disso, me ofereceram acesso a serviços de profissionais como
advogado e assistente social. Hoje sou muito mais alegre e estou vivendo uma
vida mais leve. Desejo que todas as mulheres que, infelizmente passam por essa situação,
consigam romper com este ciclo. É muito bom saber que no nosso município
podemos contar com este lugar que realiza um trabalho tão bonito, sério e
dedicado”, destaca Renata.
REDES DE PROTEÇÃO - Além
do 180 (Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência), a cidade de
São Gonçalo ainda possui as redes de proteção através do Conselho dos Direitos
da Mulher, localizado na Rua Uriscina Vargas, 36, Mutondo; Movimento de
Mulheres, na rua Rodrigues da Fonseca, 201, Zé Garoto; Delegacia de Atendimento
a Mulher (DEAM), na Avenida Dezoito do Forte, 578, Mutuá; e através do próprio
CEOM, que funciona de segunda a sexta, das 9h às 17h, com atendimento
presencial na Rua Camilo Fernandes Moreira, em Neves, ou ainda pelo telefone
96427-0012.
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